quarta-feira, 6 de junho de 2012

Canibais presos em Garanhuns são indiciados pela morte de jovem em Olinda

Recife - 05/06/12

Delegado Osvaldo Moraes (Foto: Katherine Coutinho/G1)
A Polícia Civil apresentou nesta terça-feira (5), no Recife, as conclusões do inquérito que investigava três suspeitos de canibalismo em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Eles vão ser indiciados por três mortes: das duas mulheres cujos corpos foram encontrados em Garanhuns, Alexandra da Silva Falcão e Giselly Helena da Silva, e da jovem de 17 anos desaparecida desde 2008 em Olinda. 

De acordo com o delegado Osvaldo Moraes, o caso de Garanhuns já foi remetido à Justiça. O de Olinda será encaminhado após a coletiva desta terça. "O inquérito já foi encaminhado para a Justiça, eles vão ser indiciados pelas duas mortes. Após encontrada parte da ossada lá em Rio Doce, foi encaminhado para a Polícia Científica. Hoje estamos concluindo o procedimento do crime de Olinda, que será encaminhado à Justiça após essa coletiva", explica o delegado. Em Olinda, o inquérito foi instaurado no dia 20 de abril.

Paulo Berenguer projetou páginas do diário
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
 O exame de DNA confirmou que os ossos encontrados na casa em Olinda eram da jovem que estava desaparecida, de acordo com o delegado Paulo Berenguer. A filha dela estava sendo criada pelos suspeitos. "Comprovadamente, aqui em Pernambuco, nós temos três vítimas", afirma Berenguer. "Eles confessam os três crimes. O da menor, em Olinda, eles negaram no começo, depois acabaram por admitir", acrescenta o delegado.

Paulo Berenguer detalhou como os suspeitos praticaram o crime em Olinda. "Usando uma certidão de nascimento da jovem morta em Olinda, a suspeita de 25 anos passou a tirar documentos como ela. Eles planejaram o homicídio antes, durante e após a execução. O suspeito se apoderou da certidão de nascimento do irmão para retirar R$ 79 mil, e depois a do outro irmão para poder tirar outro RG na Paraíba. Eles registraram a criança com outro nome na Paraíba também, a fim de apagar o rastro", explica.

A partir do diário da suspeita de 25 anos, a polícia estima que a jovem foi assassinada no dia 25 de maio de 2008. Vizinhos reconheceram a vítima como moradora da casa em Olinda a partir de uma foto apresentada pela polícia. "Eles faziam parte de uma seita (imaginária) criada pelo próprio suspeito. Eles planejaram a subtração da menor, o livro prova a premeditação do caso. Ele enterrou os restos mortais da jovem em forma de crucifixo. O suspeito escreveu oito livros, mas o que interessava para nós era o "Revelações de um esquizofrênico", conta Berenguer.

Com relação a suspeita de que o trio comia a carne das vítimas e utilizava para rechear salgados e vender na cidade de Garanhuns, o delegado não confirma a informação. "É muito difícil a polícia confirmar a história das coxinhas, quase impossíve", diz. Paulo Berenguer também não acredita na possibilidade dos suspeitos serem portadores de doença mental. "Nós acreditamos que eles não têm nenhum problema. É muito pouco provável que os três fossem portadores da mesma debilidade. O comportamento deles [sobre o caso de Olinda] foi muito frio, convictos de que o que fizeram era correto", cita.

Perita criminal Sandra Maria dos Santos
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
 Além do exame de DNA do material biológico coletado da vítima em Olinda, a perícia trabalhou com material biológico doado pelo pai. "Recebemos fragmentos de omoplata e clavícula da vítima. Já sabíamos que não era um material fácil de extrair DNA. Os ossos estavam bem ressecados, o que dificultou a ação, mas depois conseguimos outra amostra. As falanges estavam dentro de um tijolo, foi dessas amostras que conseguimos extrair o DNA", informa a perita criminal Sandra Maria dos Santos. "Colocamos toda a tecnologia disponível hoje para se fazer o exame de DNA desse caso. Esse exame foi repetido inúmeras vezes para termos certeza de que era a vítima", complementa.

Outras vítimas

O delegado Paulo Berenguer também explica sobre outras possíveis vítimas do trio. "Em resumo, aqui em Pernambuco, sete vítimas foram verificadas. Inicialmente, houve a notícia que poderiam haver oito vítimas, sete em Pernambuco e uma na Paraíba. Em Garanhuns, foram investigados os homicídios de Alexandra da Silva Falcão e Giselly Helena da Silva, que foram realmente assassinadas. A terceira vítima fatal foi a do caso que investigamos em Olinda", comenta. Outras três supostas vítimas foram citadas em depoimentos ou a partir de documentos encontrados na residência em Garanhuns. As três foram encontradas vivas."Uma já estava sendo recrutada e seria a próxima vítima, uma moradora de Lagoa do Ouro. Outra, estava sendo investigada pelo trio e seria também uma possível vítima.A identidade de um delas foi encontrada na casa em Garanhuns", explica Paulo.

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