sábado, 27 de abril de 2013

Vídeo mostra confusão após acidente entre juiz e militar da Força Nacional

Testemunha diz que juiz estava embriagado, mas foi liberado assim mesmo. FN desconhece que houve qualquer favorecimento, mas vai apurar o caso.

26/04/2013 15h40 - Atualizado em 26/04/2013 17h22 



Por Carolina Sanches
Do G1 AL

Um acidente de trânsito envolvendo o juiz aposentado José Carlos Remígio, na madrugada desta sexta-feira (26), na orla da Ponta Verde, em Maceió , revoltou algumas pessoas que estavam no local. O veículo em que o magistrado estava bateu em uma viatura da Força Nacional (FN). Segundo testemunhas, Remígio estava embriagado e mesmo assim foi liberado e deixou o local dirigindo seu carro.

Um vídeo que mostra uma conversa entre o juiz aposentado, o policial da Força Nacional que dirigia a viatura e um militar à paisana momentos após o acidente foi enviado ao G1 . Nas imagens, o militar, que não foi identificado, afirma que Remígio estava embriagado. O juiz fala para o militar se afastar e diz que chamou o policial da FN para conversar e resolver a questão, mas ele não quis.

De acordo com as testemunhas, o magistrado seguia pela avenida no sentido Ponta Verde/Jatiúca quando perdeu o controle do carro. O veículo bateu na viatura e chegou a subir no canteiro que fica às margens da pista. “Dava para perceber que o condutor estava embriagado, mas mesmo assim, quando perguntaram se ele iria fazer o bafômetro, policias da Força Nacional disseram que não”, contou uma testemunha, que pediu para não ser identificada.

Segundo as testemunhas, vários policiais estiveram no local do acidente e alguns deles sabiam que o motorista era um juiz. “As pessoas que presenciaram a cena ficaram revoltadas porque se não fosse um juiz eles teriam feito o bafômetro. Uma pessoa que estava lá disse que viu o juiz bebendo em um restaurante minutos antes do acidente”, expôs a testemunha.

A reportagem do G1 conversou com o comandante da Força Nacional em Alagoas , capitão Edson Gondim, e ele confirmou que houve o acidente, mas disse que não tinha muita informação sobre o caso. “Conversei com o policial que estava na viatura e ele disse que tudo foi resolvido. Ele informou que o BPTran esteve no local e que também foi feita a perícia do Detran”, falou.

Sobre a denúncia de que o juiz aposentado estaria embriagado e deixou o local em seu veículo por ordem de policiais da FN, o comandante disse que desconhece essa informação, mas que isso será apurado.

O Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) informou na tarde desta sexta-feira (26) que não há registro do acidente no relatório deixado pela equipe que estava de plantão na madrugada.

A assessoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) disse que não poderia passar informação sobre os registros de acidente, mas disse que se alguma pessoa se sentiu prejudicada ou deseja denunciar a atitude dos peritos deve procurar a ouvidoria do órgão.

Juiz nega embriaguez Por telefone, o magistrado confirmou que o acidente aconteceu, mas negou que estivesse embriagado. Ele falou que houve danos materiais e que seu seguro assumiu as despesas com o conserto da viatura.

“Em nenhum momento tentei retirar minha culpa. Disse ao policial que o erro foi meu porque entrei errado na pista e que iria resolver o problema. Eu não fugi e assumi o que me coube no acidente. Não estou negando o que aconteceu, mas acho que estão supervalorizando um acidente simples”, falou.

 Carro do magistrado foi parar na ciclovia após acidente 





Juiz assume responsabilidade no acidente e diz que vai pagar prejuízo. (Foto: Arquivo pessoal)

Remígio disse que em nenhum momento falou aos policiais que era um magistrado e que, contrariando a filmagem, não chegou a ser cogitado no local que ele tivesse ingerido bebida alcoólica. “O trabalho dos policiais e da perícia foi feito e se eu fui liberado é porque eles perceberam que eu não estava embriagado”, ressaltou. Passagem pela polícia Remígio foi acusado de agredir a então namorada Cláudia Granjeiro em dezembro de 2009. Ele chegou a ficar 15 dias detido por ter sido preso em flagrante. Antes da libertação, Remígio teve um habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em maio de 2010, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) aprovou por unanimidade o afastamento das funções por 90 dias do juiz. E em 2011, o TJ/AL determinou a aposentadoria compulsória do magistrado. Ele ainda tentou recorrer da decisão, mas teve o pedido negado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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