
A favor da diretriz estavam dprincipalmente os delegados de polícia, as associações de praças PM’s e alguns representantes da sociedade. Os oficiais das PM’s, e parte dos representantes da sociedade, votaram contrariamente à diretriz, que acabou sendo aprovada:
12. 2.19 A - Realizar a transição da segurança pública para atividade eminentemente civil; desmilitarizar as polícias; desvincular a polícia e corpos de bombeiros das forças armadas; rever regulamentos e procedimentos disciplinares; garantir livre associação sindical, direito de greve e filiação político-partidária; criar código de ética único, respeitando a hierarquia, a disciplina e os direitos humanos; submeter irregularidades dos profissionais militares à justiça comum. (508 VOTOS)Também antecedida de grande celeuma, ocorreu a aprovação do ciclo completo de polícia, com o grupo dos delegados contra e os oficiais a favor:
4. 2.6 A - Estruturar os órgãos policiais federais e estaduais para que atuem em ciclo completo de polícia, delimitando competências para cada instituição de acordo com a gravidade do delito sem prejuízo de suas atribuições específicas. (868 VOTOS)Outra novidade foi a aprovação pelos representantes da sociedade brasileira da criação da “Polícia Penal”, mediante a aprovação da Emenda Constitucional 308/2004, que irá, dentre outras missões, “supervisionar e coordenar as atividades ligadas, direta ou indiretamente, à segurança interna e externa dos estabelecimentos penais”. Veja a diretriz, que foi a mais votada de todas:
1. 6.6 A - Manter no Sistema Prisional um quadro de servidores penitenciários efetivos, sendo específica a eles a sua gestão, observando a proporcionalidade de servidores penitenciários em policiais penais. Para isso: aprovar e implementar a Proposta de Emenda Constitucional 308/2004; garantir atendimentos médico, psicológico e social ao servidor; implementar escolas de capacitação. (1095 VOTOS)Outra polícia surgiria, além da polícia penal, caso a diretriz 2.18 B fosse implementada na íntegra. Me refiro às polícias municipais, que substituiriam as atuais guardas municipais, passando a ter poder de polícia e garantias similares às demais polícias:
8. 2.18 B - Regulamentar as Guardas Municipais como polícias municipais: definir suas atribuições constitucionais; regulamentar a categoria; garantir direitos estatutários, dentre eles jornada de trabalho, plano de carreira, aposentadoria, assistência física e mental, regime prisional diferenciado, programas habitacionais, seguro de vida, critérios do exame psicotécnico a cada quatro anos, concurso público, com exigência mínima de nível médio completo. (697 VOTOS)

Algumas reivindicações já antigas, e justas, foram aprovadas, como o piso salarial para os profissionais de segurança pública e a autonomia dos órgãos periciais criminais (desvinculando-os das polícias civis). Das mais relevantes é a Diretriz 7.1 A, por focar numa aproximação efetiva dos órgãos de segurança com os educacionais, fazendo valer a assertiva do papel educador dos policiais:
10. 7.1. A - Inserir no currículo e no calendário escolar em todos os sistemas de ensino: Semana de Prevenção a sinistros; aulas de primeiros socorros; temas afetos à Defesa Civil, à Educação para o Trânsito, à pessoa com deficiência, à Educação Ambiental e à Segurança pública. (580 VOTOS)Leia os 10 princípios e as 40 diretrizes aprovadas na 1ª CONSEG
O que vai acontecer…
Comemorar os resultados da CONSEG é muito importante: nunca antes a sociedade brasileira discutiu de maneira tão ampla o tema, tampouco pôde firmar um consenso acerca do que desejava em seu sistema de segurança pública. Mas há quem esteja entendo o que foi votado na Conferência como algo definitivo, a ser implementado a curto prazo (por maldade ou ingenuidade).É importante perceber que praticamente todas as medidas escolhidas como prioritárias necessitam do procedimento legislativo próprio para se consolidar, como qualquer outra medida em outra área. A diferença – e concordo que não seja irrelevante – é que os princípios e diretrizes da CONSEG têm o apoio da sociedade, constituindo-se desgaste político certo qualquer postura diretamente contrária ao que foi eleito.
Mas peguemos como exemplo a questão da desmilitarização. Quantos aspectos não precisarão ser revistos caso uma medida dessas seja implementada? O que cabe agora é o acompanhamento e a cobrança, por parte dos representantes interessados, das posturas do governo – em todas as instâncias. Acredito no que comentou a professora Silvia Ramos, em nosso post sobre a oficina de blogs: “é menos o que se conclui em Brasilia e mais o que se abre a partir de Brasilia que importa na área de segurança no Brasil”.
Do Abordagem Policial
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