quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

GUERRA NA POLÍCIA DO MARANHÃO: PM E CIVIL EM ALTA TENSÃO

As escutas telefônicas autorizadas pela Justiça monitoraram todos os passos da ação que incendiou quatro ônibus em São Luís, na última sexta-feira (3), resultando na morte de uma garota de cinco anos. Ou seja: a Secretaria de Segurança sabia dos ataques e nada fez para evitá-los. Foi omissa. É o que dizem os promotores em nota da Associação do Ministério Público (Ampem). O Serviço de Inteligência tinha conhecimento prévio dos ataques, mas em razão da falta de sintonia entre as polícias Militar e Civil não foi possível sequer montar uma operação para conter os incêndios. Esse foi um dos principais assuntos tratados na reunião entre a governadora Roseana Sarney (PMDB) e a cúpula da Segurança Pública. ALUISIO INTOCÁVEL A reunião criticou também a falta de comando do secretário Aluisio Mendes, cuja permanência no cargo é insustentável. Repudiado pelas duas corporações policiais, Militar e Civil, o secretário, homem de confiança do senador José Sarney (PMDB), segue intocável. Porém, o ponto mais tenso da reunião foi o clima de hostilidade entre os aparelhos policiais. PAVIO CURTO O estopim da crise entre militares e civis já estava em curso, mas agravou-se com a prisão em flagrante do sargento PM Leite, efetuada pelo delegado Danilo Veras, da 16ª DP, na Vila Embratel. Leite foi preso em uma situação inusitada, quando conduziu à delegacia dois adolescentes por suspeita de furto em um comércio do bairro. O delegado, em vez de tomar providências sobre os adolescentes conduzidos, acabou prendendo o militar por porte ilegal de arma de fogo. A prisão do sargento Leite revoltou a PM, que cogitou até enviar o Batalhão de Choque para resgatar o militar à força na delegacia da Vila Embratel. FOGO CONTRA FOGO O clima entre as duas corporações é de guerra. Policiais civis estão sendo parados nas barreiras montadas pela PM e submetidos a revistas criteriosas, obrigados a apresentar as armas de fogo com o respectivo registro. Nem a governadora Roseana Sarney (PMDB) nem o secretário de Segurança Aluisio Mendes têm controle sobre as corporações. O novo comandante da PM, coronel Zanoni Porto, já assumiu o cargo sob a condição de não ser obrigado a aceitar determinações do secretário de Segurança Aluisio Mendes. POLÍCIA SUCATEADA Sem estrutura para combater o crime, com deficiência de recursos humanos e armamentos, a delegada geral Cristina Menezes está perdida, pois não tem a quem comandar. A Polícia Civil do Maranhão resume-se atualmente à SEIC (Superintendência Estadual de Investigações Criminais), que possui menos de 100 homens entre delegados, investigadores e escrivães, com circunscrição no estado inteiro. O restante da Polícia Civil é formado por idosos, diabéticos, hipertensos e corruptos. A Secretaria de Segurança tinha todas as informações para evitar os incêndios aos ônibus, mas a falta de cooperação entre as polícias Militar e civil colocou tudo a perder. E quem mais perdeu foi a população de São Luis, especialmente a família da menina Ana Clara Santos Sousa, mais uma vítima da incompetência do governo Roseana Sarney.

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