As escutas telefônicas autorizadas pela Justiça monitoraram todos os passos da ação que incendiou quatro ônibus em São Luís, na última sexta-feira (3), resultando na morte de uma garota de cinco anos.
Ou seja: a Secretaria de Segurança sabia dos ataques e nada fez para evitá-los. Foi omissa. É o que dizem os promotores em nota da Associação do Ministério Público (Ampem).
O Serviço de Inteligência tinha conhecimento prévio dos ataques, mas em razão da falta de sintonia entre as polícias Militar e Civil não foi possível sequer montar uma operação para conter os incêndios.
Esse foi um dos principais assuntos tratados na reunião entre a governadora Roseana Sarney (PMDB) e a cúpula da Segurança Pública.
ALUISIO INTOCÁVEL
A reunião criticou também a falta de comando do secretário Aluisio Mendes, cuja permanência no cargo é insustentável.
Repudiado pelas duas corporações policiais, Militar e Civil, o secretário, homem de confiança do senador José Sarney (PMDB), segue intocável.
Porém, o ponto mais tenso da reunião foi o clima de hostilidade entre os aparelhos policiais.
PAVIO CURTO
O estopim da crise entre militares e civis já estava em curso, mas agravou-se com a prisão em flagrante do sargento PM Leite, efetuada pelo delegado Danilo Veras, da 16ª DP, na Vila Embratel.
Leite foi preso em uma situação inusitada, quando conduziu à delegacia dois adolescentes por suspeita de furto em um comércio do bairro.
O delegado, em vez de tomar providências sobre os adolescentes conduzidos, acabou prendendo o militar por porte ilegal de arma de fogo.
A prisão do sargento Leite revoltou a PM, que cogitou até enviar o Batalhão de Choque para resgatar o militar à força na delegacia da Vila Embratel.
FOGO CONTRA FOGO
O clima entre as duas corporações é de guerra. Policiais civis estão sendo parados nas barreiras montadas pela PM e submetidos a revistas criteriosas, obrigados a apresentar as armas de fogo com o respectivo registro.
Nem a governadora Roseana Sarney (PMDB) nem o secretário de Segurança Aluisio Mendes têm controle sobre as corporações.
O novo comandante da PM, coronel Zanoni Porto, já assumiu o cargo sob a condição de não ser obrigado a aceitar determinações do secretário de Segurança Aluisio Mendes.
POLÍCIA SUCATEADA
Sem estrutura para combater o crime, com deficiência de recursos humanos e armamentos, a delegada geral Cristina Menezes está perdida, pois não tem a quem comandar.
A Polícia Civil do Maranhão resume-se atualmente à SEIC (Superintendência Estadual de Investigações Criminais), que possui menos de 100 homens entre delegados, investigadores e escrivães, com circunscrição no estado inteiro.
O restante da Polícia Civil é formado por idosos, diabéticos, hipertensos e corruptos.
A Secretaria de Segurança tinha todas as informações para evitar os incêndios aos ônibus, mas a falta de cooperação entre as polícias Militar e civil colocou tudo a perder.
E quem mais perdeu foi a população de São Luis, especialmente a família da menina Ana Clara Santos Sousa, mais uma vítima da incompetência do governo Roseana Sarney.
Do Adeilton9599
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva aqui seu comentário: