A velha máxima de que a hierarquia e a disciplina são os sustentáculos das corporações vai se fragilizando.
ESCOLHAS
Ao longo dos tempos vai se cristalinizando que a hierarquia nas
corporações militares no Brasil manteve-se alicerçada sob os auspícios
da disciplina. Pois os exemplos que dão sustentação a essa afirmativa
estão presentes em inúmeros episódios ocorridos e que ocorrem
rotineiramente nos quartéis e locais sob a égide da autoridade militar.
A velha máxima de que a hierarquia e a disciplina são os sustentáculos
das corporações e que devem ser mantidas a qualquer custo como única
opção de sobrevivência da corporação militar estadual, vai se
fragilizando e mostrando que é perfeitamente cabível colocá-las em
prática atendendo tardiamente a um novo modelo, onde os direitos humanos
e os direitos fundamentais dos integrantes da instituição militar
possam ser respeitados e vivenciados.
As abordagens dentro dessa visão, existentes ainda nos instrumentos
legais utilizados na caserna, mostram que em verdade e ao longo do tempo
foram factóides, usados apenas para mostrar e demonstrar direitos que
foram usurpados das graduações mais inferiores.
As verdadeiras argumentações e muita das vezes, a razão cristalina
defendida perdia sua sustentabilidade simplesmente no convencimento da
autoridade de que para mantê-la, utilizava a legalidade dos instrumentos
(regulamentos) para satisfazer suas vontades.
Eram comuns até mesmo pessoas estranhas a caserna, investirem-se ou
revestirem-se desse pensamento para defender a utilização ferrenha de
instrumentos que já não mais são aceitos na era em que o estado
democrático de direito vai se fortalecendo e ganhando corpo em todos os
aspectos da vida nacional.
Quantas imoralidades não foram cometidas e continuam ainda a desafiar os policiais militares, sob o manto da legalidade?
- Punições privativas de liberdade, ferindo flagrantemente o direito
constitucional de ir e vir, sem levar em conta a utilização dos sagrados
princípios constitucionais (sem a observância integral do devido
processo legal, da ampla defesa e do contraditório, do cerceamento de
defesa) e tantos outros insculpidos na carta maior do país e nos
instrumentos internacionais assinados em que os governos do Brasil
juraram defender.
- Ascensão sem oportunidades iguais, subjetivas e privilegiando aqueles
que pela oportunidade estão mais próximos de quem possui o poder
decisório.
- Transferências para locais mais longe de seus domicílios, dificultando a convivência familiar.
- Designações para funções contraditórias as formações, habilidades e vontades.
- Cortes de gratificações.
Tudo isso e mais algumas outras situações, são exemplos que ainda
ocorrem frequentemente e são submetidos todos aqueles que ousam
discordam de posições, que atrapalham interesses ou simplesmente são
alvos de experimentarem a demonstração do poder de mando, estando
motivada tão simplesmente em vinganças pessoais, inveja ou ainda na pura
maldade, numa óbvia demonstração de que os que cometem, sentem-se
inferiorizados, deixando claro as suas incapacidades de não poderem
superar seus algozes.
Mas como o mal não perdura para sempre, consciências vão se despertando e
buscando caminhos para as necessárias mudanças; pessoas dotadas de
virtudes inatas vão aflorando e através de suas ações e comportamentos
vão aglutinando outras a se irmanarem na busca de objetivos comuns.
São as chamadas lideranças naturais que diferentemente da grande maioria
dos chefes, estes últimos investidos de funções que possuem maior
autoridade, aos poucos vão ganhando espaço na discussão das tardias
mudanças que devem ser operacionalizadas.
Muita das vezes, nós como seres humanos temos que operar mudanças
internas, revendo conceitos e valores, adequando-os inclusive a
realidade, o que não quer dizer mudança de personalidade ou caráter
(estes são imutáveis), mas sim ajudar a consertar o que está errado,
contribuir para um processo de amadurecimento pessoal e institucional.
É uma questão de escolha e alguém já profetizou: “A vida é feita de
escolhas, quando se dá um passo para frente, inevitavelmente alguma
coisa fica para trás”.
São Luís-MA, 19 de maio de 2012.
TEN CEL QOPM Carlos Augusto FURTADO Moreira
celqopmfurtado@hotmail.com – celqopmfurtado@gmail.com http://www.celqopmfurtado.blogspot.com/
Fonte: http://www.uniblogbr.com/2012/07/velha-maxima-de-que-hierarquia-e.html#.T__siJGqZzU
Do Blog Adeilton9599
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